Confira as principais informações da penúltima etapa da classe, na casa da atual líder do Campeonato de Fabricantes da Hypercar.
O World Endurance Championship (WEC) está de volta neste fim de semana (13, 14 e 15) para realizar as 6 Horas de Fuji, a sétima prova do calendário que acontecerá no clássico Fuji International Speedway, localizado em Oyama, cidade japonesa a 100 km de Tóquio.
O lendário circuito japonês faz parte da programação do Mundial de Endurance desde a temporada inaugural, em 2012, e, desde então, permanece no itinerário da principal categoria de resistência da FIA. A única vez em que a competição em terras japonesas não aconteceu foi em 2021, quando foi cancelada devido a restrições por conta da pandemia de COVID-19.
O evento diante do Monte Fuji será a corrida em casa para as equipes Toyota Gazoo Racing Europe (Hypercar) e D’Station Racing (LMGT3), da montadora Lexus (que corre através da Akkodis ASP de LMGT3) e para os pilotos Kamui Kobayashi (Toyota GR010 #7), Ryo Hirakawa (Toyota GR010 #8), Marino Sato (United Autosports McLaren 720S Evo #95), Hiroshi Koizumi (TF Sport Corvette Z06.R #82) e Takeshi Kimura (Akkodis ASP Lexus RC F #87). Ao todo, 36 carros estarão presentes no grid: 18 da Hypercar e 18 da LMGT3.
Abaixo, confira as principais informações sobre a penúltima disputa da 12ª temporada do WEC, como os detalhes da pista, as expectativas dos pilotos brasileiros, o Balanço de Performance aplicado na divisão Hypercar, as novidades para o final de semana, a situação dos campeonatos e o que esperar da icônica etapa no Japão.
Características do circuito
O Fuji International Speedway possui 4.563 km de extensão, 16 curvas (10-D e 6-E), sentido horário e setores predominantes de alta e média velocidade, com algumas zonas de baixa. As principais características do circuito são mudanças de elevação acentuadas e seções rápidas seguidas de curvas técnicas lentas, principalmente no terceiro setor.
A pista japonesa oferece uma das maiores retas do automobilismo mundial, com quase 1,5 km de comprimento (1.475 m): a dos boxes. Essa parte do traçado leva os hipercarros a alcançarem velocidades acima de 310 km/h, e é onde os pilotos podem se beneficiar do vácuo gerado pelo carro à frente para fazer ultrapassagens.
Os trechos mais desafiadores são as sequências das curvas 10, 11 e 12 e 13, 14 e 15. A primeira mencionada surge após a zona de alta velocidade com início na curva 7, e configura-se em uma frenagem forte que exige uma linha de condução precisa para ser feita sem sair do asfalto.
A segunda sequência, que vem logo depois, é uma curva de média seguida de duas outras de ângulos diferentes, onde a 15 apresenta um apex mais fechado e ainda mais técnico, pois é fácil perder a trajetória ideal. Ao todo, 41% do percurso em Fuji Speedway é feito com o acelerador totalmente pressionado.
Expectativas dos pilotos brasileiros
Augusto Farfus (BMW M WRT LMGT3 #31): “A previsão pra Fuji é que vamos para o tudo ou nada, já que é a última chance de mantermos o campeonato vivo. Nosso objetivo é reduzir o gap de pontos pro líder e tentar levar a decisão do título pro Bahrein. O clima será quente e um grande desafio pros carros mas, apesar disso, conhecemos a pista e o carro pode se comportar bem aqui.”
Situação no campeonato: P3 – 84 pts.
Nicolas Costa (United Autosports LMGT3 #59): “Obviamente temos altas expectativas para Fuji. Estamos em crescimento contínuo como equipe, cada vez mais perto do pódio, então não podemos esperar menos do que uma finalização no top 3 neste fim de semana. Fuji é uma pista que gosto muito e tudo pode acontecer nesse circuito. Por ser uma corrida longa, estamos completamente focados para o domingo.”
Situação no campeonato: P11 – 36 pts.
BOP para a prova
Confira o Balanço de Performance aplicado na divisão Hypercar para as 6 Horas de Fuji:
Alpine (LMDh)
Peso: 1042 kg (+1);
Potência: 518 kW (+3);
Duração de energia: 907 MJ (Megajoules) (Nenhuma alteração);
Velocidade mínima para ativação do sistema híbrido: Não possui (motor híbrido utilizado apenas para modo ataque e regeneração de energia).
BMW (LMDh)
Peso: 1037 kg (Nenhuma alteração);
Potência: 515 kW (+2);
Duração de energia: 907 MJ (Megajoules) (+1);
Velocidade mínima para ativação do sistema híbrido: Não possui (motor híbrido utilizado apenas para modo ataque e regeneração de energia).
Cadillac (LMDh)
Peso: 1036 kg (-1);
Potência: 520 kW (+2);
Duração de energia: 909 MJ (Megajoules) (+2);
Velocidade mínima para ativação do sistema híbrido: Não possui (motor híbrido utilizado apenas para modo ataque e regeneração de energia).
Ferrari (LMH)
Peso: 1055 kg (Nenhuma alteração);
Potência: 500 kW (Nenhuma alteração);
Duração de energia: 901 MJ (Megajoules) (Nenhuma alteração);
Velocidade mínima para ativação do sistema híbrido: 190 km/h.
Lamborghini (LMDh)
Peso: 1030 kg (Nenhuma alteração);
Potência: 520 kW (Nenhuma alteração);
Duração de energia: 910 MJ (Megajoules) (+2);
Velocidade mínima para ativação do sistema híbrido: Não possui (motor híbrido utilizado apenas para modo ataque e regeneração de energia).
Peugeot (LMH)
Peso: 1030 kg (-7);
Potência: 513 kW (+4);
Duração de energia: 903 MJ (Megajoules) (+1);
Velocidade mínima para ativação do sistema híbrido: 190 km/h.
Porsche (LMDh)
Peso: 1049 kg (-4);
Potência: 512 kW (+3);
Duração de energia: 908 MJ (Megajoules) (+1);
Velocidade mínima para ativação do sistema híbrido: Não possui (motor híbrido utilizado apenas para modo ataque e regeneração de energia).
Toyota (LMH)
Peso: 1070 kg (+5);
Potência: 493 kW (-4);
Duração de energia: 908 MJ (Megajoules) (+2);
Velocidade mínima para ativação do sistema híbrido: 190 km/h.
Vencedores da etapa em 2023
Na edição anterior, a dona da casa, Toyota Gazoo Racing Europe, dominou as 6 Horas de Fuji e quase repetiu o único Grand Slam já feito na história WEC. Em 2019, a equipe de fábrica japonesa terminou no topo da tabela de todas as sessões do final de semana em Fuji Speedway, desde o Treino Livre 1, com o #8. Ano passado, a Toyota perdeu apenas na primeira atividade, no TL1, para a Ferrari AF Corse.
Na corrida, quem levou a melhor com direito a dobradinha 1-2 foi a TGRE, com o GR010 Hybrid #7 de Mike Conway, Kamui Kobayashi e José María López, que venceram após largarem da pole. Logo atrás do Toyota #7, finalizou o outro GR010, o #8 de Sébastien Buemi, Brendon Hartley e Ryo Hirakawa.
O terceiro lugar ficou com o trio do Porsche 963 #6 da equipe de fábrica Porsche Penske Motorsport, formado pelos pilotos Kévin Estre, André Lotterer e Laurens Vanthoor. Curiosamente, na classe de hipercarros, o top 3 inicial das 6 Horas de Fuji do ano passado foi o mesmo do final.
Novidades
Gounon no A424 #35
Em sua terceira aparição em um final de semana do WEC pela Alpine Endurance de Hypercar, Jules Gounon foi oficialmente confirmado para as 6 Horas de Fuji. O piloto francês dividirá o cockpit do A424 #35 com Ferdinand Habsburg e Charles Milesi, e correrá no lugar de Paul-Loup Chatin.
A troca temporária de Jules por Chatin faz parte do programa de desenvolvimento de pilotos da equipe francesa, em favor de Jules, que inicialmente substituiu Ferdinand Habsburg em Ímola e em Spa-Francorchamps, quando o austríaco se ausentou para se recuperar de um acidente que sofreu durante uma sessão de testes na Espanha.
Ried de volta ao Mustang #88
Depois de correr nas 6 Horas de São Paulo, no lugar de Giorgio Roda, Christian Ried retornará ao Ford Mustang #88 da Proton Competition de LMGT3, ao lado de Mikkel Pedersen e Dennis Olsen, como parte de um revezamento que pode continuar até a etapa final, no Bahrein.
O italiano, Roda, permanece ausente da escuderia alemã e, desde a disputa de 6 horas em Interlagos, seu assento é ocupado por pilotos que não competem na temporada regular do WEC. Na prova anterior no Circuito das Américas, o duas vezes campeão da extinta divisão LMGTE, Ben Keating, assumiu a vaga de Giorgio no #88.
Assim, o coproprietário da Proton Competition, Ried, competirá mais uma vez na campanha 2024 do Mundial de Endurance, com chances de retornar na grande final, no Bahrein. Vale lembrar que o multicampeão de LMGTE anunciou a aposentadoria da classe no final de 2023, e se encontra ativo apenas para suprir a necessidade de um terceiro piloto no Mustang #88 de sua escuderia conterrânea.
O que esperar
A disputa em Fuji International Speedway costuma ser limpa, com bom fluxo durante a corrida. A pista japonesa é a única do calendário em que não houve abandonos na era Hypercar, desde a estreia do novo regulamento da classe principal em 2021.
Em termos de competição, Fuji apresenta uma das maiores retas do automobilismo mundial, a dos boxes, onde as ultrapassagens através do aproveitamento do vácuo do adversário à frente são constantes. Além disso, o fator clima não costuma ser uma preocupação, já que nesta época do ano o tempo costuma se manter firme.
Diferente de como ocorreu no ano passado, em que a Toyota Gazoo Racing venceu a prova de domingo e foi coroada campeã no Campeonato de Fabricantes, o cenário desta temporada está diferente. Nenhuma das montadoras tem chances matemáticas de conquistarem o caneco neste final de semana, devido à proximidade entre elas na tabela.
O único título da classe principal que pode ser conquistado em Fuji é o de equipes privadas da Hypercar, que segue com a liderança do Porsche 963 #12 da Hertz Team Jota, administrado por Will Stevens, Callum Illot e Norman Nato, que somam 140 pontos, 30 de vantagem sobre a 499P #83 da AF Corse e 39 de distância do 963 #99 da Proton Competition.
Em sua corrida em casa, a Toyota Gazoo Racing Europe, que venceu nove das dez edições das 6 Horas de Fuji (perdeu apenas para a Porsche em 2015), terá o dever de superar as equipes rivais diante de sua torcida conterrânea, mas essa conquista não será fácil.
Mais pesada por conta do BoP, a escuderia nipônica deverá ter um final de semana perfeito e, caso cruze a linha de chegada na P1, a Toyota será a fabricante com mais vitórias em um único circuito do WEC, com um total de dez.
LMGT3
Na divisão de turismo, o carro líder na tabela de equipes é a Manthey PureRxcing, com o Porsche 911 #92 dos pilotos Aliaksandr Malykhin, Joel Sturm e Klaus Bachler, que podem levantar os dois canecos da LMGT3 em Fuji.
Com duas etapas restantes para o término da campanha 2024 do WEC, o trio soma 118 pontos, 28 acima dos competidores do Porsche 911 #91 da equipe Manthey EMA, tripulado por Morris Schuring, Richard Lietz e Yasser Shajin, que garantiram 90 pontos até o momento.
Em terceiro lugar, a BMW M4 #31 do brasileiro Augusto Farfus, do britânico Darren Leung e do indonésio Sean Gelael, se encontra com 84 pontos, praticamente fora da briga pelo título, mas ainda no páreo para disputar o vice-campeonato com o trio do #91 da Manthey EMA.
Vale mencionar que caso os pilotos do Porsche #92 conquistem os títulos, será a primeira vez que dois campeonatos de turismo do WEC serão vencidos de forma consecutiva antes da última corrida da temporada. Em 2023, o Corvette #33 conquistou o último caneco do regulamento GTE Am na quinta das sete etapas programadas no calendário.
Top 3 do campeonato de pilotos da Hypercar:
1 – André Lotterer, Kévin Estre e Laurens Vanthoor (Porsche Penske Motorsport #6) – 125 pts;
2 – Kamui Kobayashi e Nyck De Vries (Toyota Gazoo Racing #7) – 113 pts;
3 – Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen (Ferrari AF Corse #50) – 113 pts.
Top 3 do campeonato de fabricantes da Hypercar:
1 – Toyota – 147 pts;
2 – Porsche – 136 pts;
3 – Ferrari – 128 pts.
Campeonato de equipes privadas da Hypercar:
1 – Hertz Team JOTA #12 – 140 pts;
2 – AF Corse #83 – 110 pts;
2 – Proton Competition #99 – 101 pts;
4 – Hertz Team JOTA #38 – 97 pts.
Top 3 do campeonato de pilotos da LMGT3:
1 – Aliaksandr Malykhin, Joel Sturm e Klaus Bachler (Manthey PureRxcing #92) – 118 pts;
2 – Morris Schuring, Richard Lietz e Yasser Shajin (Mathey EMA #91) – 90 pts;
3 – Augusto Farfus, Darren Leung e Sean Gelael (WRT #31) – 84 pts.
Top 3 do campeonato de equipes da LMGT3:
1 – Manthey PureRxcing #92 – 118 pts;
2 – Manthey EMA #91 – 90 pts;
3 – WRT #31 – 84 pts.
Transmissão
As 6 Horas de Fuji contará com transmissões no BandSports, Youtube Esporte na Band e pelo canal do YouTube do Grande Prêmio, com a largada programada para 23h de sábado (horário de Brasília).
Jornalista, carioca e fã de automobilismo desde criança. Meu lema de vida profissional é uma das frases mais impactantes de Ayrton Senna: “No que diz respeito ao empenho, compromisso, esforço e à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz.”