Equipe privada levou a melhor no retorno da classe elite de corridas de resistência aos Estados Unidos, após uma disputa conturbada sob clima quente no Texas.
O World Endurance Championship realizou neste domingo (1º) a Lone Star Le Mans, a sexta etapa do calendário, no Circuito das Américas (COTA), localizado em Austin, capital do estado americano do Texas (EUA).
A equipe e carro vitoriosos em território americano foi a AF Corse, com a Ferrari 499P #83 dos pilotos Robert Kubica, Yifei Ye e Robert Shwartzman. O trio se beneficiou da boa qualificação no sábado, ao conquistar a segunda colocação no grid de largada através do competidor polonês, Kubica.
O segundo lugar na corrida de 6 horas no Circuito das Américas ficou com o GR010 Hybrid #7 da Toyota Gazoo Racing Europe, guiado por Mike Conway, Nick De Vries e Kamui Kobayashi, seguido da 499P #50 da equipe de fábrica Ferrari AF Corse, administrado por Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen.
O outro GR010 da Toyota, o #8 de Sébastien Buemi, Brendon Hartley e Ryo Hirakawa, terminou na última colocação, depois de Buemi espremer o 963 #6 da Porsche Penske contra o muro em uma disputa.
Assim como o GR010 #7 recebeu uma penalidade de drive-through nos minutos finais (por Kobayashi não desacelerar o suficiente durante uma bandeira amarela), Buemi gerou uma punição de +30s para o carro #8 da montadora japonesa pela manobra perigosa sobre o Porsche #6. Apesar dos inconvenientes, a Toyota passa a ocupar a liderança no Campeonato de Fabricantes.
No caso da escuderia italiana, o outro 499P da Ferrari AF Corse, o #51 dos pilotos Antonio Giovinazzi, Alessandro Pier Guidi e James Calado, que largou na pole graças ao melhor tempo no classificatório feito por Giovinazzi, abandonou no final da segunda hora por falha mecânica em um contato do italiano com o Peugeot #94.
Vale lembrar que, antes de aposentar o #51 na garagem, Antonio havia recebido uma penalidade de +5s por tocar no Lexus RC F #78 da Akkodis ASP de LMGT3, e caiu para as últimas posições. Sem dúvidas, esse foi um final de semana para o trio Giovinazzi, Pier Guidi e Calado, esquecer.
Importante destacar que a diferença entre o hipercarro vencedor (#83) e o segundo colocado (#7), de apenas 1,7s, foi a segunda menor entre fabricantes rivais na história do WEC.
Outro fato interessante, é que a AF Corse se tornou a primeira equipe cliente da Ferrari a vencer em uma categoria mundial em mais de 50 anos, no mesmo dia em que a montadora italiana comemorou a sua vitória no Grande Prêmio da Itália de Fórmula 1.
Demais resultados na Hypercar
Dona da volta mais rápida dos Treinos Livres, a Cadillac Racing fez uma corrida satisfatória em casa, em um final de semana que já se mostrou promissor desde a qualificação, quando a dupla Earl Bamber e Alex Lynn se classificaram na P3, graças a Lynn.
Na disputa de 6 horas no COTA, a montadora americana se manteve entre os cinco primeiros durante boa parte do tempo, mas não conseguia superar as Ferrari 499P da equipe de fábrica Ferrari AF Corse e da cliente, AF Corse. No fim, o V-SERIES.R #2 concluiu a etapa na P4, um excelente resultado para a Cadillac diante de sua torcida local.
A Alpine também desfrutou de uma boa finalização na terra do Tio Sam, com seus dois carros na zona de pontos. O melhor posicionado após a bandeira quadriculada foi o A424 #35 de Charles Milesi, Paul-Loup Chatin e Ferdinand Habsburg, que largou na P4 (com o quarto melhor tempo de Chatin). O #35 cruzou a linha de chegada em quinto lugar.
O outro A424 da equipe francesa, o #36 do trio Nicolas Lapierre, Mick Schumacher e Matthieu Vaxivière, largou bem abaixo do carro irmão, na P13, devido a problemas com a escotilha da porta. No fim, o #36 se recuperou e finalizou em nono, um fim de semana positivo para a Alpine.
Apesar de não ter ritmo para brigar pelo top 3 de forma constante, a equipe de fábrica Porsche Penske Motorsport foi bem em Austin, com uma finalização dupla entre os dez primeiros colocados.
O 963 #5, dos pilotos Matt Campbell, Michael Christensen e Fréderick Makowiecki, iniciou o final de semana no Texas de forma razoável, com um bom tempo de volta no qualifying feito por Campbell, que conquistou a P6 para o trio. Por outro lado, o 963 #6 de André Lotterer, Kévin Estre e Laurens Vanthoor, ficou fora do top 10 inicial, ao largar da P14.
Na disputa de 6 horas em solo americano, as coisas se inverteram, e o carro que se saiu melhor ao passar pela bandeirada final foi o #6, que garantiu o sexto lugar, enquanto o #5 terminou logo atrás do carro irmão, na P7.
A BMW M WRT também vivenciou um domingo produtivo no Circuito das Américas, com pelo menos um de seus carros na zona de pontos. Após largar na P7 com o V8 #20 de Sheldon van der Linde, Robin Frijns e René Rast, e na P8 com o V8 #15 de Dries Vanthoor, Raffaele Marciello e Marco Wittmann, a equipe da BMW demonstrou um desempenho notável.
A montadora alemã chegou a liderar a prova, depois de uma batalha acirrada do V8 #20 guiado por Robert Kubica com a 499P #50 da Ferrari AF Corse, um feito extraordinário para a montadora alemã na Hypercar. Ao cruzar a linha de chegada, o #15 marcou pontos, na P8, cinco degraus acima do carro #20, que concluiu a etapa na P13.
Ao ocupar a última vaga do top 10 final, a Hertz Team Jota conseguiu evitar uma frustração completa nos Estados Unidos, ao receber a bandeira quadriculada com apenas um de seus dois hipercarros.
O 963 #12 da escuderia cliente da Porsche superou o 963 parceiro na qualificação, quando Norman Nato colocou o carro #12, que divide com Will Stevens e Callum Illot, na P10 do grid de largada.
No domingo, a situação se inverteu, já que o 963 #38 conduzido por Jenson Button, Philip Hanson e Oliver Rasmussen, concluiu a corrida em décimo lugar, depois de sair da P17, enquanto o 963 #12 abandonou devido a vários problemas técnicos.
Equipes que não pontuaram
A outra cliente da Porsche na Hypercar, Proton Competition, ficou a um degrau de distância da zona de pontuação. O 963 #99 de Harry Tincknell, Neel Jani e Julien Andlauer terminou como o 11° colocado na divisão principal.
A Peugeot sofreu na Lone Star Le Mans, ao ser vítima de alguns incidentes durante a etapa americana. No fim, apenas o 9X8 #93, dos competidores Mikkel Jensen, Nico Müller e Jean-Éric Vergne, cruzaram a linha de chegada, na P12, com o #94 guiado por Paul Di Resta, Stoffel Vandoorne e Loïc Duval fora da disputa nas horas iniciais.
Com apenas um carro inscrito na temporada regular do Mundial de Endurance, a Lamborghini Iron Lynx com o SC63 #63, administrado por Mirko Bortolotti, Edoardo Mortara e Daniil Kvyat, foi apenas a décima quarta colocada, na frente apenas do Toyota #8 e dos carros que ficaram pelo caminho.
LMGT3
Na divisão de carros turismo, a P1 foi conquistada pela dona da casa, Heart of Racing, com o Aston Martin Vantage AMR #27 guiado por Alex Riberas, que carregou a vitória para o seu companheiro americano, Ian James (que garantiu a pole) e para Daniel Mancinelle. Vale lembrar que esse foi o primeiro triunfo da equipe americana nesta temporada e em casa.
Logo atrás do Vantage #27 veio o Porsche 911 R #92 da Manthey PureRxing, conduzido por Aliaksandr Malykhin, Joel Sturm e Klaus Bachler, trio que venceu as 6 Horas de São Paulo, a etapa anterior.
O 911 R #91 da equipe irmã da escuderia lituana, Manthey EMA, revezado por Yasser Shajin, Morris Schuring e Richard Lietz, completou o pódio da LMGT3 na Lone Star Le Mans.
A quarta posição ficou com a McLaren #59 da United Autosports, do brasileiro Nicolas Costa e de seus companheiros, o britânico James Cottingham e o suíço Grégoire Saucy, que largou em sétimo lugar.
Ocupante da P5 ao cruzar a linha de chegada, a BMW M4 #31 da WRT, conduzida pelo brasileiro Augusto Farfus, o indonésio Sean Gelael e o britânico Darren Leung, foi o motivo de alegria da escuderia belga.
Por outro lado, a BMW M4 #46 de Valentino Rossi, Ahmad Al Harthy e Maxime Martin, não terminou a disputa, ao abandonar com menos de 17 minutos restantes por conta de problemas na direção hidráulica.
A Ford Performance com a Proton Competition e a Corvette Racing com a TF Sport fizeram uma boa corrida diante de sua torcida conterrânea, com pelo menos um de seus carros na zona de pontos na etapa no Texas, apesar de ambas sofrerem com a retirada precoce de um de seus carros.
O Mustang #77 da Proton conduzido pelo americano Ryan Hardwick, pelo canadense Zacharie Robichon e pelo britânico Benjamin Barker, terminou a competição na P6, enquanto o Corvette Z06 #82 do trio Hiroshi Koizumi, Sébastien Baud e Daniel Juncadella, garantiu o oitavo lugar. O Mustang #88 e o Corvette #81, não receberam a bandeira quadriculada.
Ao largar em segundo na LMGT3, a Iron Dames com a Lamborghini Húracan Evo #85 das pilotos femininas Sarah Bovy, Rahel Frey e Michelle Gatting, saiu frustrada da disputa no Circuito das Américas.
Após batalhar duro para se manter na P2 durante várias voltas, a equipe recebeu uma punição por conta de um mergulho em cima do Corvette #81 provocado por Rahel, que acarretou em danos na traseira direita da Húracan #85. No fim, a escuderia italiana concluiu fora da zona de pontuação, na P13.
Top 3 do campeonato de pilotos da Hypercar:
1 – André Lotterer, Kevin Estre e Laurens Vanthoor (Porsche Penske Motorsport #6) – 125 pts;
2 – Kamui Kobayashi e Nyck De Vries (Toyota Gazoo Racing #7) – 113 pts;
3 – Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen (Ferrari AF Corse #50) – 113 pts.
Top 3 do campeonato de fabricantes da Hypercar:
1 – Toyota – 147 pts;
2 – Porsche – 136 pts;
3 – Ferrari – 128 pts.
Campeonato de equipes privadas da Hypercar:
1 – Hertz Team JOTA #12 – 140 pts;
2 – AF Corse #83 – 110 pts;
3 – Proton Competition #99 – 101 pts;
4 – Hertz Team JOTA #38 – 97 pts.
Top 3 do campeonato de pilotos da LMGT3:
1 – Aliaksandr Malykhin, Joel Sturm e Klaus Bachler (Manthey PureRxcing #92) – 118 pts;
2 – Morris Schuring, Richard Lietz e Yasser Shajin (Mathey EMA #91) – 90 pts;
3 – Augusto Farfus, Darren Leung e Sean Gelael (WRT #31) – 84 pts.
Top 3 do campeonato de equipes da LMGT3:
1 – Manthey PureRxcing #92 – 118 pts;
2 – Manthey EMA #91 – 90 pts;
3 – WRT #31 – 84 pts.
A próxima etapa do WEC será as 6 Horas de Fuji, no dia 15 de setembro.
Jornalista, carioca e fã de automobilismo desde criança. Meu lema de vida profissional é uma das frases mais impactantes de Ayrton Senna: “No que diz respeito ao empenho, compromisso, esforço e à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz.”
