Categoria mais alta do automobilismo brasileiro está de volta ao local que sediou a segunda prova da temporada, antes da grande final em Interlagos.
Nesse fim de semana (21 a 23 de outubro), a Stock Car Pro Series segue para realizar uma rodada quádrupla no Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia, capital do estado de Goiás. O evento contará com quatro corridas, divididas em duas etapas: a décima no sábado e a décima primeira no domingo. Cada disputa terá a duração padrão de 30 min + 1 volta.
Essa será a segunda vez que a Stock Car Pro correrá em território goianiense neste ano. A última visita da classe de turismo a Goiânia foi em março, quando recebeu a segunda competição do calendário, dominada por Rubens Barrichello, que venceu as duas provas.
Ao sediar duas etapas em um mesmo final de semana, a Stock Car correrá nos dois layouts disponíveis do Autódromo de Goiânia: sábado, no traçado misto e, no domingo, no anel externo (oval), este último utilizado no início do ano.
Dessa vez, a Stock Car Pro Series terá apenas a Stock Series como companhia, que realizará a sétima etapa de seu campeonato, no momento, liderado pelo piloto Vitor Baptista.
Informações do circuito
O Autódromo Internacional Ayrton Senna (antigo Autódromo Internacional de Goiânia) possui 3.835 km de extensão no traçado misto e 2.695 no anel externo, fluxo no sentido horário e tem como característica principal setores com aclives e declives acentuados.
O circuito de Goiás é considerado um dos mais seguros do Brasil, já que conta com áreas de escape largas e bem distribuídas, o que facilita a vida dos pilotos e equipes de resgate em caso de batidas.
O layout misto da pista goianiense é variado: oferece trechos de alta, média e baixa velocidade, e tem um total de 12 curvas (7-D e 5-E). Já o anel externo, possui 3 curvas à direita e concentra duas longas retas que levam os componentes do motor e o sistema de freio dos carros ao limite.
Abaixo, confira quais são os principais pontos de frenagem no Autódromo Internacional Ayrton Senna, com o piloto da equipe RCM, Ricardo Zonta, que os apresentará através do game/simulador Automobilista 2.
Segundo a FRAS-LE e a FREMAX, fornecedoras oficiais de discos e pastilhas de freio da Stock Car, o layout misto tem como principal ponto de frenagem a curva 3, na qual os carros contornam as duas primeiras curvas em alta velocidade e se aproximam para a frenagem a mais de 220 km/h. Na freada, o sistema reduz a velocidade para 90 km/h em apenas 145 metros. Uma redução superior a 120 km/h feita em somente três segundos, o que gera uma desaceleração de 1,5 G.
No traçado do anel externo, os freios são acionados nas curvas 1 e 3, e a freada mais forte é a da terceira curva, também chamada de Curva Zero ou Curva da Vitória, que leva à reta principal. Nela, os carros se aproximam em velocidades entre 250 e 255 km/h, e a frenagem acontece a pouco mais de 200 metros da curva. Assim, o piloto permanece com o pé firme no freio por menos de cinco segundos, e reduz a velocidade para cerca de 95 km/h. A subtração de quase 160 km/h neste curto espaço de tempo representa uma desaceleração de 1,6 G.
Previsão da FRASLE e FREMAX
O engenheiro de projeto da FRAS-LE & FREMAX, André Brezolin, falou sobre suas expectativas de comportamento dos discos e pastilhas de freios na rodada quádrupla desse final de semana.
“O traçado misto de Goiânia já é desafiador por ser um dos que mais exigem dos freios. A temperatura é um fator que interfere muito na eficiência do conjunto, especialmente por se tratar de um circuito rápido. Com o layout do anel externo, este desafio fica ainda maior. São duas grandes retas, com velocidades finais maiores e frenagens mais intensas, que acabam exigindo ainda mais do sistema.
“No traçado externo os carros tendem a andar mais próximos uns dos outros nas corridas, o que interfere na refrigeração do freio. Goiânia é um circuito que proporciona as situações mais extremas, que mais colocam à prova o sistema de freios: materiais de fricção, discos e pastilhas.”
A FRAS-LE e a FREMAX são as fornecedoras oficiais de pastilhas e discos de freio da categoria, respectivamente. A Fremax é a fornecedora dos discos desde 2004 e a Fras-le, desde 2016.
Previsão da Pirelli
Para esse final de semana, haverá um desafio diferente: a alta temperatura da pista, diante de um calor de, aproximadamente, 35°. O gerente de produtos Car e Motorsport da Pirelli América Latina, Fabio Magliano, falou sobre os desafios esperados para os compostos de pneus em Goiás.
“Goiânia possui um dos melhores autódromos do nosso calendário e deveremos ter boas provas, tanto no sábado quanto no domingo. O fim de semana será um prato cheio para os fãs das corridas, já que teremos seis provas entre os dois dias [contando com a Stock Series].”
“Algumas referências continuam as mesmas em relação a rodada de março. É muito importante que todas as equipes sigam as recomendações de pressão mínima e cambagem máxima, a fim de extrair o melhor desempenho e obter a maior segurança dos pneus. Na pista de Goiânia, o composto que mais sofre é o traseiro esquerdo”, afirmou Magliano.
Pneus disponíveis
Pista seca: P Zero na medida 305/660-18
Pista molhada: Cinturato na medida 305/660-18
Características da pista (entre 1 e 5):
Abrasividade da pista: (4)
Força lateral: (4)
Pneu mais exigido (traseiro esquerdo)
Com informações da assessoria de imprensa da Pirelli.
Novidades
Alterações no regulamento desportivo
Depois do grave acidente que envolveu três mecânicos na etapa anterior, em Santa Cruz do Sul, a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), a VICAR, promotora oficial da Stock Car, e a Associação Nacional de Equipes de Stock Car (ANESC), se uniram para discutir como melhorar a segurança durante os pit stops da categoria. Como resultado, serão implementadas as seguintes mudanças e regras de parada nos boxes:
- Redução da velocidade nos boxes: CBA e ANESC realizarão ensaios durante esta semana para testar a dinâmica de entrada nos boxes e também seu efeito nos sistemas eletrônico e motriz durante o procedimento;
- Aumento da ‘janela’ de pit stops: atualmente entre seis e sete voltas, dependendo da vista, a janela deverá crescer para reduzir a presença simultânea de carros realizando o pit stop na área do box;
- Paradas mais próximas do box: reposicionamento do local obrigatório de parada do carro no pit stop a no máximo 1,5 metro da porta de saída do box, de forma a aumentar a distância entre o veículo parado e os mecânicos que executam o pit stop da faixa de rolagem (pit lane) por onde circulam todos os carros;
- Proteção da área de trabalho: o carro só poderá entrar na área de trabalho dos mecânicos utilizando a frente do box imediatamente anterior ao seu (não será permitido que percorra a frente de outros boxes); e deverá voltar ao pit lane percorrendo somente a área de trabalho do box situado imediatamente depois do seu;
- Liberação dos carros: o operador da placa de pit stop (‘pirulito’) passará a contar com referências visuais instaladas no pit lane. Caso algum carro ultrapasse aquela referência, o operador não poderá liberar o seu piloto para voltar ao pit lane até que esse veículo ultrapasse a frente do seu box.
O Presidente do Conselho Técnico Desportivo da CBA, Fabio Greco, comentou as alterações no regulamento. “Sob orientação da FIA, a CBA sempre tem desenvolvido procedimentos de segurança para evitar acidentes. No entanto, quando que eles ocorrem, a entidade avalia e promove evoluções nas regras para evitar outras ocorrências. Acreditamos que, depois de validadas, as novas regras irão tornar os procedimentos de box mais seguros para todos.”
O CEO da VICAR, Fernando Julianelli, também falou sobre as mudanças nas regras de atividade no pit lane. “Quem determina, valida e fiscaliza as regras é a CBA, mas nós todos estamos trabalhando juntos para contribuir com esse aprimoramento.
“Além de evoluir o padrão que já utilizamos, as novas regras têm como objetivo evitar situações como a que ocorreu em Santa Cruz do Sul, impedindo que uma sequência de fatos ou fatos isolados gerem insegurança. O grande desafio foi criar um sistema que possa compensar eventuais deficiências nos autódromos, como pit lanes estreitos, boxes com espaço reduzido e outras características”
O presidente da ANESC, Mauricio Ferreira, dissertou sobre as novas diretrizes de segurança no pit lane. “A ANESC entende que esse diálogo é a melhor forma de fazer o regulamento evoluir como um todo. A competitividade é sempre o foco das equipes individualmente, mas todos os times também buscam aprimorar a segurança dentro dos boxes e em suas sedes.
“O pit stop é um dos nossos procedimentos mais estudados e treinados, com o emprego inclusive de técnicas usadas na Fórmula 1. É também um momento muito crítico em qualquer corrida de automobilismo. Por isso, apoiamos e contribuímos com tudo o que for necessário para evoluir esses procedimentos.”
A estreia de um hermano
A Toyota Gazoo Racing Latin America (TGRLA) anunciou que o piloto Diego Azar, assumirá o cockpit do segundo carro da equipe Full Time Sports nesse final de semana. O argentino será o novo parceiro de Rubens Barrichello e correrá sob o número #100 no Toyota Corolla que costuma receber o rodízio de pilotos da TGRLA.
Diego compete pela Lexus, marca da montadora Toyota, na Top Race V6, categoria de turismo argentina em que foi campeão na temporada 2021 e está prestes a conquistar o campeonato deste ano.
Azar é o quarto automobilista do programa de pilotos da Toyota Gazoo Racing América Latina a correr na Stock Car Pro este ano, depois de Gianluca Petecof, Andi Jakos e Julian Santero.
O retorno de um piloto da casa
A RKL Competições confirmou que Raphael Teixeira disputará as etapas 10 e 11 pela equipe nesse final de semana. O piloto, que está prestes a se tornar campeão em outras duas categorias, correrá em casa, em frente aos fãs conterrâneos, que serão maioria nas arquibancadas.
Raphael irá em busca de um resultado melhor do que obteve ano passado no circuito de Goiás. Por conta de um engavetamento, o campeão das 3 Horas de Goiânia de 2021 abandonou a corrida logo após o apagar das luzes.
O competidor número #37 espera que sua segunda passagem pela Stock Car Pro seja diferente dessa vez. “Tenho certeza que será bem melhor. No ano passado houve um acidente logo na largada e eu fui envolvido. Agora, vou para terminar as quatro corridas com a melhor posição possível. É hora de escrever uma nova história”, disse Teixeira.
O que esperar
O rei da pista de Goiânia é Rubens Barrichello, que garantiu 8 vitórias no circuito. As últimas duas aconteceu na segunda etapa da temporada, quando também conquistou a pole e o troféu Man of the Race Claro 5G, ao ficar com todos os pontos disponíveis do final de semana.
No momento, Barrichello se encontra em terceiro lugar no campeonato, com 239 pontos, atrás de Daniel Serra, segundo colocado com 241, e de Gabriel Casagrande, que segue na liderança com 20 pontos a mais que Rubens: 259.
O campeão de 2014 também comemora nessa sexta-feira 10 anos de Stock Car: estreou na categoria em 21 de outubro de 2012, no extinto autódromo de Curitiba. O piloto #111 pode assumir o topo da tabela e estar mais próximo do que nunca de garantir seu segundo título pela equipe Full Time.
Comemoração frente ao desafio
Apesar da data especial e das expectativas, não será fácil para Barrichello assumir a ponta no campeonato. Devido as altas temperaturas esperadas nos três dias e ao ‘endurance’ de quatro corridas, é provável que alguns carros não consigam aproveitar a chance quádrupla de marcar pontos.
Como ocorreu nas etapas 5 e 6 no Velopark, os carros tem maiores probabilidades de abandonos/quebras no domingo por conta do alto desgaste do motor e da suspensão no sábado, principalmente em um circuito que possui aclives e declives acentuados, ondulações e curvas variadas.
Intervenções de bandeira amarela e de Safety Car costumam ser frequentes no Autódromo Internacional Ayrton Senna, o que, possivelmente, gerará resultados ainda mais imprevisíveis.
Programação do final de semana da Stock Car Pro Series
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Jornalista, carioca e fã de automobilismo desde criança. Meu lema de vida profissional é uma das frases mais impactantes de Ayrton Senna: “No que diz respeito ao empenho, compromisso, esforço e à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz.”