A Federação Internacional do Automóvel respondeu as equipes que repudiaram o acordo com a Ferrari e sua falta de transparência.
Na última quarta-feira (04), sete equipes se uniram e fizeram um abaixo-assinado contra a FIA, após uma nota emitida pela órgão quanto ao resultado das investigações da unidade de energia da Ferrari do ano passado. A Alfa Romeo Racing e a Haas não fizeram parte do protesto pelo fato de usarem motores da marca italiana.
Ontem, a FIA rebateu o abaixo assinado e em nota, disse:
“A FIA conduziu análises técnicas detalhadas sobre a Unidade de Potência da Scuderia Ferrari, como tem o direito de fazer para qualquer competidor no Campeonato Mundial de Fórmula 1 da FIA.”
“As investigações extensas e completas realizadas durante a temporada de 2019 levantaram suspeitas de que o motor da Scuderia Ferrari poderia ser considerado como não operando dentro dos limites dos regulamentos da FIA em todos os momentos.”
“A Scuderia Ferrari se opôs firmemente às suspeitas e reiterou que sua UE [Unidade de Energia] sempre funcionava em conformidade com os regulamentos. A FIA não estava totalmente satisfeita, mas decidiu que novas ações não necessariamente resultariam em um caso conclusivo devido à complexidade do assunto e à impossibilidade material de fornecer a evidência inequívoca de uma violação.”
“Para evitar as consequências negativas que um longo litígio implicaria, especialmente à luz da incerteza do resultado de tais litígios e no melhor interesse do Campeonato e de suas partes interessadas, a FIA, em conformidade com o Artigo 4 (II) de suas Regras Judiciais e Disciplinares (RJD) decidiu entrar em um acordo efetivo e dissuasivo com a Ferrari para encerrar o processo.”
“Esse tipo de acordo é uma ferramenta legal reconhecida como um componente essencial de qualquer sistema disciplinar e é usado por muitas autoridades públicas e outras federações esportivas no tratamento de disputas.”
“A confidencialidade dos termos do acordo de liquidação é prevista no artigo 4 (vi) do RJD.”
Qual impacto isso poderá trazer?
Como vemos, a FIA se mostrou ineficiente na investigação, ao afirmar que “novas ações não necessariamente resultariam em um caso conclusivo devido à complexidade do assunto e à impossibilidade material de fornecer a evidência inequívoca de uma violação“.
Além disso, deixa claro que manterá o sigilo do acordo com a Ferrari: “a FIA, em conformidade com o Artigo 4 (II) de suas Regras Judiciais e Disciplinares (RJD) decidiu entrar em um acordo efetivo e dissuasivo com a Ferrari para encerrar o processo.”
Essa resposta para as equipes Mercedes, Mclaren, Racing Point, Renault, Williams, AlphaTauri e Red Bull, poderá trazer novas manifestações, já que a transparência cobrada por elas, não foi atendida.
Esse ano, será o último em que as escuderias competirão com gastos não regulados, já que a partir de 2021, tudo vai mudar. Podemos ver uma guerra jamais vista na Fórmula 1, não só por conta de mais metade do grid estar sem contrato para o ano que vem, mas pelas sete equipes receberem uma resposta dessas da FIA.
Se o órgão não conseguiu investigar o motor da Ferrari do ano passado, isso abre novas possibilidades de descumprimento dos regulamentos quanto a unidade de energia do carro 2020.
Até o momento, a réplica da FIA não foi rebatida pelas sete equipes.
Jornalista, carioca e fã de automobilismo desde criança. Meu lema de vida profissional é uma das frases mais impactantes de Ayrton Senna: “No que diz respeito ao empenho, compromisso, esforço e à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz.”