Com tantas novidades já anunciadas, e com um line-up de pilotos extremamente forte, a categoria promete uma série de corridas com uma competitividade ainda maior, o que torna a prova na Arábia Saudita totalmente imprevisível.
Ao contrário da temporada anterior, a atual vai trazer mais dois carros, acompanhados do mesmo número de pilotos. Os novos corredores merecem atenção especial: Nyck de Vries e Brendon Hartley.
De Vries se tornou campeão da Fórmula 2 esse ano, antes mesmo da última corrida, que acontecerá em Abu Dhabi. Além dessa vitória, o piloto holandês de apenas 24 anos, já venceu na Formula Renault 2.0 Alpes e a Fórmula Renault 2.0 Eurocup. Apesar de ser um calouro na categoria 100% elétrica, Nyck já deixou claro o que pretende em sua temporada de estréia, tanto para ele próprio quanto para a Mercedes-Benz EQ.
Em entrevista, afirmou: “Felizmente, podemos estar lutando na frente em breve, mas no momento é um pouco desconhecido para nós… Estamos aqui com 24 carros no grid e, finalmente, nosso objetivo é vencer todos eles.” Vemos com clareza a confiança do atual campeão da F2. Uma observação curiosa, é que Nyck era esperado para assumir alguma posição na Fórmula 1, como reserva por exemplo. Mas ele saiu campeão da Fórmula 2 para se juntar a ex-pilotos do ponto mais alto do automobilismo: Felipe Massa, Lucas Di Grassi, Sébastien Buemi, Jean-Eric Vergne, Jerome D’Ambrosio, Stoffel Vandoorne e Brendon Hartley.
Temos também mais um estreante com muita experiência no automobilismo: Brendon Hartley. O neozelandês, foi duas vezes o vencedor do Campeonato Mundial de Endurance (WEC) e conquistou uma vitória nas 24 Horas de Le Mans. Hartley passou um bom tempo na Fórmula 1: correu para a Toro Rosso por dois anos consecutivos (2017 e 2018); foi piloto de testes da hexacampeã Mercedes, Red Bull Racing e da própria escuderia Toro Rosso. Dessa forma, Hartley adquiriu uma boa experiência com veículos eletrificados e continua assim, ao ser atual corredor de Endurance pela Toyota Gazoo Racing. Em entrevista, Brendon comentou seu ingresso na categoria, através da equipe Geox Dragon:
“Estou feliz por assumir um novo desafio na Fórmula E, juntamente com a GEOX DRAGON. A Fórmula E é totalmente diferente de qualquer outra série de corridas em que participei, mas espero que minha experiência em muitas categorias com gerenciamento de energia pague dividendos e me dê uma vantagem como estreante. Eu sempre fui fã de faixas de rua e a FE é uma das mais loucas que já vi. Juntamente com alguns dos melhores pilotos e fabricantes do mundo, é um lugar emocionante para se estar. Eu já comecei a trabalhar com a maioria da equipe GEOX DRAGON e tenho um forte pressentimento de que podemos compartilhar um bom sucesso juntos na próxima temporada.”
Além dos dois principais novos nomes no grid, temos os veteranos que chegarão com tudo para mostrar do que são capazes e tentar conquistar ainda mais títulos: Jean-Eric Vergne, o brasileiro Lucas Di Grassi (nosso melhor representante) e Sébastien Buemi. Eles correm na FE desde o ano de estréia da categoria: 2014. Vergne é bicampeão e venceu duas vezes seguidas: 2017/2018 e 2018/2019, enquanto Di Grassi foi campeão em 2016/2017 e Buemi ficou com a vitória em 2015/2016. Vale lembrar que o primeiro a levar o troféu de 1º lugar no campeonato de pilotos da FE é brasileiro: Nelson Piquet Jr, que terminou a temporada 2014/2015 1 ponto à frente de Sébastien Buemi, que ficou em segundo, seguido de Lucas Di Grassi.
A FE possui uma programação de finais de semana diferente das categorias tradicionais do automobilismo: na sexta-feira ocorre o Shakedown, onde os pilotos testam o carro e seus dispositivos eletrônicos. Este, sujeito a liberação das pistas de rua no dia da semana. Depois, acontece os Treino Livres 1 e 2 e mais tarde, a qualificação. Após a definição da ordem de volta mais rápida, os seis pilotos mais rápidos competem entre si como mais uma chance de batalha pela pole. O vencedor dessa etapa que se chama Superpole, ganha 3 pontos. Após todas essas atividades, chega a hora da corrida.
Em relação às equipes, as estreantes Mercedes-Benz EQ e Tag Heuer Porsche terão um grande desafio pela frente: conquistar uma posição agradável ao final da temporada. Para isso, deverão deixar para trás a Nissan E. Dams, vencedora de 16 das 58 provas, a Audi Sport, que venceu 12, a Envision Vergin Racing, que possui 11 vitórias e ainda a Ds Techeetah, que detém 8.
Após a primeira etapa que ocorreu pela manhã, vemos que as novatas já começaram bem: André Lotterer conquistou o segundo lugar para a Porsche (18 pts), seguido do terceiro lugar de Stoffel Vandoorne com a Mercedes (15 pts). Nyck De Vries terminou em sexto, o que significa um bom começo e mais 8 pontos para a Mercedes-Benz EQ. Os campeões Jean-Eric Vergne, Lucas Di Grassi e Sébastien Buemi, terminaram em último, na P13 e na P21 respectivamente. Só por esse início, vemos que tudo pode mudar ao decorrer da temporada 2019/2020.
Daqui em diante, veremos uma batalha épica entre os corredores e as equipes. Os novatos chegam à temporada com fome de vitória, enquanto os “velha-guarda” irão em busca de mais títulos e de mostrar aos calouros como a Fórmula E é diferente de outras Fórmulas da vida: há mais contato lateral e traseiro e ocorre em pistas mais desafiadoras e estreitas.
A segunda prova na Arábia Saudita será amanhã, dia 23 de Novembro, às 08:30h (horário de Brasília).
Jornalista, carioca e fã de automobilismo desde criança. Meu lema de vida profissional é uma das frases mais impactantes de Ayrton Senna: “No que diz respeito ao empenho, compromisso, esforço e à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz.”