Campeão gaúcho de kart, fã de esportes radicais, agrônomo e piloto de churrasqueira nas horas vagas, apresento a vocês o “estreante” em provas de longa duração Daniel Claudino.
Nascido no Rio Grande do Sul, o piloto passou praticamente toda sua infância na capital paranaense, onde em meados dos anos oitenta, começou a visitar com mais frequência o kartódromo de Curitiba ao lado de seu pai, porém, nada além de um simples hobby.
Anos se passaram, e os roncos dos belíssimos exemplares da Stock Car povoavam a imaginação do gaúcho que sempre os acompanhava de perto em etapas na capital. Sons que ficaram ainda mais expressivos quando o piloto começou a acompanhar a carreira do primo e também piloto Alceu Feldmann.
Em 2011, após despejar toda sua adrenalina acumulada em esportes radicais, o gaúcho que sempre cultivou o amor pela velocidade, foi convidado por um amigo para uma simples brincadeira incluindo um kart no autódromo de Tarumã – mal sabia ele, que esse “pequeno treino” seria o estopim para seu início no automobilismo.
Tudo aconteceu muito rápido, em poucos meses o piloto já estava “enfiado” no kartódromo de Interlagos, no meio dos “carnes de pescoço” participando do Super Kart Brasil. Meses depois, Daniel conquistou seu primeiro título gaúcho de kart na categoria Fireball Master.
Devido a experiência já adquirida, em 2015 após um telefonema sua vida no esporte mudou novamente. Ian Ely, atualmente seu companheiro de equipe, só precisou de um convite e em menos de meia hora a parceria já estava firmada.
Com a churrasqueira a todo vapor e uma “intimada” do nosso piloto/amigo do tipo: “Anderson você está convocado para as 12 Horas de Tarumã!!” conversamos um pouco sobre o início da parceria com a equipe Satti Racing, chefiada pelo mito gaúcho Eduardo Satti, o “Sattinho”.
“Na verdade não precisei andar nem meia volta para fecharmos a parceria e participar da temporada de 2016. Em uma conversa antes da pré-temporada com o Sr. Ronaldo e com Edu, vimos que 2016 seria um ano de aprendizagem tanto para nós pilotos como para a equipe. O objetivo principal era correr relaxado e adquirir horas de voo na pista e procurar cometer poucos erros”.
“Sabíamos que o carro era o conjunto mais fraco da categoria, porém tinha um excelente retrospecto de confiabilidade na mão dos seus antigos donos, portanto a temporada seria crucial para avaliar novos desenvolvimentos no carro, levando-se em conta a nossa evolução em desempenho etapa pós etapa”.
Por ser meu amigo, não direi que foi sorte de principiante, entretanto, preciso mencionar o quão foi meteórica sua estreia. Logo na primeira corrida mesmo sem muita experiência em protótipos, o gaúcho brigou com vários nomes durante toda a etapa, só deixando o pódio escapar devido um problema técnico no MCR 71 que atualmente leva as cores em homenagem ao campeão Ronaldo Ely.
“Assim como no kart, o início foi meteórico. Em Tarumã estávamos constantemente entre os três primeiros na GP1, sendo que nem eu, nem o Ian havíamos treinado na pista, muito menos participado de qualquer corrida de carro na vida!”
“Só não conseguimos o pódio daquela vez por conta de um pequeno problema no câmbio, mas mesmo assim, finalizamos a corrida na quarta colocação, resultado impressionante para dois pilotos novatos correndo com uma equipe estreante na categoria tão competitiva como a GP1 dentro do Endurance”.
Continuando com uma sequência de boas apresentações, o piloto seguiu batendo os recordes antigos obtidos pelo carro em temporadas passadas. Reflexo disso foi o desempenho da dupla em todas as corridas da última temporada, como exemplo posso citar os 500 km de São Paulo, disputado no belíssimo Velo Cìtta em Mogi Guaçu/SP.
O gaúcho largou da terceira colocação, e, em determinado ponto da corrida chegou a colocar mais de vinte segundos no segundo colocado, porém, outro incidente o tirou do pódio. Pódio que foi conquistado pela primeira vez na última etapa da temporada passada, rendendo a Daniel e toda equipe Satti Racing o vice-campeonato da categoria GP1.
No início do ano, buscando repetir e até mesmo conquistar o tão sonhado título na categoria GP1, a equipe focou todos seus esforços na reformulação do protótipo, como todo trabalho um dia é recompensado, nas primeiras etapas desse ano o time já mostrou para que veio, mesmo com o MCR 71 sem todos os upgrades instalados.
“Esse ano o campeonato cresceu bastante e novos competidores chegaram, esperamos manter o “embalo” do ano passado e incomodar bastante a concorrência. Fizemos um trabalho completo na pré-temporada, desmontando o carro inteiro, realizando uma grande quantidade de upgrades. Ainda estamos à espera de alguns equipamentos importados que possibilitem um grande “boost” de performance no final desta temporada”.
“Na primeira etapa em Tarumã o pódio bateu na trave, estávamos em terceiro lugar, quando tivemos um problema na suspensão traseira do carro faltando menos de quinze minutos para acabar a corrida. Guaporé, pulamos de sexto lugar no grid para terceiro logo na primeira volta. Infelizmente não conseguimos pontuar na prova por problemas elétricos no carro”.
“Já em Santa Cruz do Sul, estávamos curiosos para voltar a andar por lá, numa pista que consideramos bastante técnica e seletiva. Choveu bastante durante toda a etapa e logo no primeiro treino livre o carro escapou na reta e bateu de frente ao muro, avariando bastante a frente do carro. A equipe fez um trabalho fantástico e devolveu o carro no sábado de manhã em plenas condições para a tomada de tempo e corrida. Aos poucos fomos subindo no grid, o Ian fez um excelente trabalho até entregar o carro para mim na última janela na segunda posição na categoria”.
No próximo dia 24, o gaúcho ao lado de toda equipe Satti Racing encara outro desafio, os 500 km de Curitiba. Animado, – como ele mesmo diz “contando os dias para novamente enfiar a bota no pedal direito do carro” – Daniel me contou um pouco sobre suas expectativas para a prova.
“Estou muito curioso para acelerar em Curitiba, será a primeira oportunidade minha e do Ian de andarmos lá, quem sabe contemos com a famosa “sorte de principiante” para sair de lá com importantes pontos para o campeonato. A pista parece ser muito técnica e desafiadora, misturando trechos de alta e curvas de média e baixa velocidade especialmente a do pinheirinho. Teremos que aproveitar ao máximo os treinos livres para acertar tanto os pilotos como o carro na pista”.
“Apesar de ser um dos carros de menor “cavalaria” da categoria GP1, acreditamos em um desempenho semelhante ao da concorrência em Curitiba. Podemos perder tempo na reta e nos trechos de alta, mas ao mesmo tempo, seremos muito competitivos nos trechos de média e baixa devido ao fato de nosso carro ser um dos mais leves da GP1”.
“Nossa ideia é manter o equilíbrio e consistência de desempenho entre a dupla de pilotos e apostar num belo trabalho de equipe para não termos quebras durante a corrida e somando pontos importantes para o campeonato”.
Mesmo estando em uma crescente no campeonato de endurance, o gaúcho não esconde o desejo de se aperfeiçoar ainda mais no esporte, para finalizar o piloto me deu um leve spoiler de seus futuros projetos – para bom entendedor…
“Espero continuar participando durante um bom tempo em corridas de longa duração. Me adaptei bem ao estilo de corrida proposto pela categoria, nada se decide na primeira curva e a diversidade. O regulamento amplo permitem o desenvolvimento relativamente livre dos carros, tornando o trabalho dos pilotos e equipe um desafio bastante completo, especialmente para novatos no esporte como eu e o Ian”.
“Apesar da idade, ainda sonho em correr fora do país, dentro dos próximos dois ou três anos, quem sabe em uma equipe formada totalmente por brasileiros, mas por hora, pretendo focar bastante no aprendizado e desenvolvimento como piloto aqui no Brasil”.
Após assuntos acima dos 220km/h finalizo o nosso bate papo agradecendo a toda equipe, em especial o Daniel, um cara super gente fina e também ao já dono de uma cadeira cativa em nosso site Ian Ely pela oportunidade de novamente bater um papo com todos vocês.
E você, gostou do nosso Bate Papo? Gostaria de conhecer mais sobre o piloto e também saber mais sobre o desempenho da equipe Satti Racing no DOPAMINA Endurance? Então siga a fanpage da equipe e fique por dentro de todas as novidades do time na temporada.
Tomada de Tempo, aqui a sua noticia é pole position.
Aspirante a escritor e futuro piloto, tenho uma admiração muito grande por Ayrton Senna, Rubens Barrichello e Jeff Gordon. Entusiasta de categorias como: Fórmula Truck, Stock Car, NASCAR, DTM, V8 australiana, entre outras. – Cardoso é um parceiro/colunista voluntário do Tomada de Tempo e escreve sobre as mais diversas categorias de esporte a motor no Brasil e no Mundo!