O automobilismo foi surpreendido nesta semana pelo anúncio que Fernando Alonso, bicampeão da F1, deixará de disputar o GP de Mônaco – talvez o mais tradicional da categoria – para competir na Indy 500 – igualmente tradicional, porém na IndyCar Series. O espanhol irá atrás do sonho de conquistar a Tríplice Coroa, que além das supracitadas também engloba as 24 Horas de Le Mans, icônica prova do World Endurance Championship.
Coincidentemente a notícia surge na exata semana em que o WEC inicia, com as 6 Horas de Silverstone. Aproveitando o embalo, o Tomada de Tempo reúne agora as principais informações e curiosidades para você conhecer ou entender um pouco mais sobre esta incrível categoria!
É uma categoria relativamente nova
Apesar das 24 Horas de Le Mans serem disputadas há mais de 90 anos (a primeira prova aconteceu em 1923!), o atual formato do campeonato só foi regulamentado pela FIA em 2012. O WEC é originário do World Sportscar Championship, um dos maiores campeonatos da história e que aconteceu entre 1953 e 1992. Pistas como Monza, Daytona, Watkins Glen e a histórica prova Mille Miglia faziam parte do calendário da WSC.
O calendário é enxuto
Quem acompanha Fórmula 1 (20), IndyCar (17), Nascar (41) ou MotoGP (18) está acostumado com calendários recheados, trazendo até mais de uma categoria por final de semana. Sendo assim, o Mundial de Endurance pode causar estranheza ao apresentar apenas 9 pistas em seu cronograma anual: Silverstone, Spa-Francorchamps, Le Mans, Nurburgring, Hermanos Rodríguez (México), Cota (EUA), Fuji, Shanghai e Bahrain. Vale ressaltar que, com exceção das 24 Horas de Le Mans, todas as provas têm duração de 6 horas.
São 4 classes correndo simultaneamente
Diferentemente das demais categorias, no WEC temos 4 classes que competem entre si ao mesmo tempo. Os protótipos – os mais famosos, com aerodinâmica arrojada e velocidades absurdas – são divididos entre LMP1 (Para fabricantes, cujos carros podem ou não ter o ERS) e LMP2 (times independentes de fabricantes ou fornecedores de motor), enquanto os carros de turismo – que trazem a carga histórica da competição – são compostos pela LMGTE PRO (para pilotos profissionais) e LMGTE AM (que permite a participação de pilotos “amadores”).
Cada classe é identificada por uma cor específica, encontrada na placa com o número do carro: Vermelho (LMP1), azul (LMP2), verde (LMGTE PRO) e laranja (LMGTE AM).
O grid é composto por 17 equipes e 28 carro
- 3 equipes na LMP1: destaque para 2 veículos da Porsche e 2 da Toyota;
- 6 equipes na LMP2: com Manor e Jackie Chan DC Racing;
- 4 equipes* na LMGTE Pro: disputa acirrada entre Porsche, Aston Martin e Ford;
- 5 equipes* na LMGTE Am: atenção para a Gulf Racing;
Com a desistência da Audi em participar da edição deste ano, muito por conta do escândalo Dieselgate, Porsche e Toyota disputarão o título de fabricantes nesta temporada. Na categoria Turismo, Ferrari 488 GTE, Porsche 911 RSR, Ford GT e Aston Martin Vantage brigam pelo título de construtores.
*A Aston Martin Racing possui um carro na Pro e um carro na Am.
Alguns nomes conhecidos participam do campeonato
Exemplos? O tricampeão do WTCC Andy Priaulx; o também piloto de FE Sam Bird; os ex-F1 Pedro Lamy, Kamui Kobayashi, Sébastien Buemi, Anthony Davidson, Kazuki Nakajima, Vitaly Petrov e Jean-Eric Vergne; Mathias Lauda e Nicolas Prost, filhos dos multicampeões Niki Lauda e Alain Prost.
Além disso, tem brasileiro na jogada! Daniel Serra e Luis Felipe Derani disputarão a classe LMGTE PRO, enquanto Nelsinho Piquet e Bruno Senna correm na LMP2.
Pode ser demorado, mas não é chato
Você talvez não acredite, mas as corridas da WEC têm muito mais emoção do que você imagina. Há alguns anos que as corridas Endurance deixaram de ser exclusivamente estratégia e conservação de veículos e tomou rédeas mais agressivas durante as provas. O pessoal do WTF1.com fez um ótimo relato sobre isso:
“Não acredite em quem disser que uma corrida de endurance se resume em pilotos gerenciando o desgaste de seus carros até o final da prova – há anos isto não é verdade. As provas de endurance são repletas de emoção, com os pilotos levando seus veículos ao extremo em cada volta de cada stint.
Como resultado disso, eles não têm medo de disputar batalhas roda-a-roda entre si, o que nos últimos anos nos proporcionou imagens incríveis e que podem ser comparadas com qualquer coisa que você encontra nos monopostos.
Não há nada igual a assistir dois carros muito rápidos em uma batalha épica quando dois protótipos da LMP1 os ultrapassam de forma insana, enquanto travam sua própria disputa. É algo único do WEC – especialmente quando acontece às duas da manhã, em Le Mans, no escuro.” (Traduzido de WTF1.com. Acesso em: 15 de abril de 2017)
Ainda não acredita? Pegue como exemplo a prova do ano passado: a Toyota liderou praticamente a prova inteira, com quase 400 voltas de duração. Faltando CINCO MINUTOS para o final da corrida, o Toyota TS050 sofre uma pane elétrica geral e começa a se arrastar pelos longos trechos do Circuit de la Sarthe, enquanto acompanha o Porsche 919 Hybrid aniquilar os 90 segundos de desvantagem e ultrapassá-lo CRUELMENTE na reta principal do circuito, em frente às equipes. As cenas resumem toda a emoção do momento.
E, por fim…
O chefinho estará por lá!
Essa, sem dúvidas, é a notícia mais importante de todo este texto: Rubens Barrichello fará sua estreia em Le Mans nesta temporada! Ele disputará a classe LMP2 com a equipe Racing Team Netherlands, que participará apenas desta prova do calendário. Vai Ruba!
No classificatório deste sábado, a Toyota abriu vantagem perante a Porsche e colocou seus carros na primeira fila do grid, com o #7 de Mike Conway, Kamui Kobayashi e Jose Maria Lopez à frente do #8 de Sébastien Buemi, Anthony Davidson e Kazuki Nakajima. Os Porsche 919 Hybrid dividem a segunda fileira, com o #1 de Neel Jani, André Lotterer e Nick Tandy na terceira posição e o #2 de Timo Bernhard, Earl Bamber e Brendon Hartley na quarta colocação.
O #31 de Bruno Senna larga da oitava posição geral, enquanto o #13 de Nelsinho Piquet é o décimo (Quarto e quinto da classe LMP2). Derani e seu Ford Gt #67 largam da 15ª marca (liderando o pelotão da LMGTE PRO) e o #97 de Daniel Serra fica na décima nona colocação (quinto da classe).
As 6 Horas de Silverstone acontecerão no domingo, 16, a partir de 8h (horário de Brasília). Dificilmente alguma emissora fará a transmissão do evento, então a melhor forma de acompanhar é pelo Twitter e pelo aplicativo oficial do WEC. Se você realmente faz questão de assistir o evento na íntegra, é possível assinar um pacote para Live Streaming através do site: Cada corrida custa 5 euros (R$ 17,00) e a temporada completa sai por 35 euros (R$ 117,00 aproximadamente).
“Tifosi, um dos pacientes do dottore Rossi, tricampeão da Nascar no Playstation, maluco por WRC e em relacionamento aberto com o Mundial de Endurance” – Kaiuã é um parceiro/colunista voluntário do Tomada de Tempo e escreve sobre as mais diversas categorias de esporte a motor no Brasil e no Mundo!