E foi no 2º Salão Internacional o Automóvel que tudo começou! O ano? 1961! O Willys Interlagos foi apresentado ao público! Fabricado pela Willys Overland, tinham a licença da Renault que até então fabricava o Renault Alpine (na Europa). Em alusão ao Autódromo de Interlagos (que em 1977 seria renomeado José Carlos Pace, homenagem ao piloto brasileiro, falecido em março daquele ano em acidente aeronáutico), a versão brasileira do Alpine A 108 francês (lançado em 1956 e produzido até 1963) foi chamado de “INTERLAGOS” – batizado pelo publicitário/jornalista brasileiro e maluco por carros, Mauro Salles.
Vendido apenas nas concessionárias Willys e sob encomenda, o modelo foi oferecido com 3 versões de carroceria: cupê (com o capô traseiro em linha mais definida, como em um três-volumes), berlineta (o desenho original do Alpine, com perfil fastback) e conversível (simplesmente o primeiro da indústria brasileira).
Com uma aerodinâmica diferenciada, desenho externo harmônico e sua carroceria em plástico + fibra de vidro, destacava sua posição de ESPORTIVO! O “carrinho” atingia 160 Km/h e acelerava de 0 a 100Km/hem 14 segundos! Assustado? Pouco? Não, para época podemos considerar ÓTIMOS números! Tinha concepção mecânica dos esportivos da época, monobloco com estrutura tubular de aço, motor de quatro cilindros em linha, refrigerado a água (dos Renaults Dauphine, Gordini com 32cv e Renault 1093 com42 cv) e tração traseira. A berlineta tinha os motores mais potentes e a versão mais esportiva tinha 998 cm3 e 70 cv. Além disso o carro possuía câmbio de quatro marchas e suspensão independente nas quatro rodas com molas helicoidais.
Visualmente o Interlagos tinha sua frente destacada pelos 2 grandes faróis redondos e em perfeita harmonia com a parte de trás que possui grade cromada que além de bonita, ajuda na refrigeração do motor. Dentro do esportivo um outro show! Revestido em madeira, possuía conta-giros (raridade na época), velocímetro e o incrível volante de 3 raios. Ainda possuía bancos individuais anatômicos com encosto reclinável, bem baixos, mas não tinha os mostradores de pressão e temperatura do óleo e amperímetro, como no Alpine francês.
Era um carro pequeno (3,78m de comprimento | 2,10m entre eixos) e bastante leve (535 kg na berlineta e 570 nas demais versões). Sua concepção mecânica era típica dos carros esporte da época, monobloco com estrutura tubular de aço, motor (dos Renaults Dauphine, Gordini e 1093) e tração traseiros, câmbio de quatro marchas e suspensão independente nas quatro rodas com molas helicoidais.
Foram produzidos poucos carros, até 1966, foram apenas 822 unidades. Em 1962 foram 218 unidades, em 1963 (138 unidades), 1964 (209), 1965 (149) e em seu último ano apenas 108 carros.
A história do Willys Interlagos passa diretamente pelo automobilismo no Brasil. A equipe Willys dominou o automobilismo brasileiro nos anos 60 graças à versão de competição desse carro. O Interlagos venceu provas importantes como as 500 Milhas de Porto Alegre (1963), as 500 Quilômetros de Interlagos e as incríveis 200 Milhas de Montevidéu (Uruguai) em 64.
Grandes pilotos fizeram parte dessa história esportiva do automóvel. Emerson e Wilson Fittipaldi, José Carlos Pace, Bird Clemente, Lian Duarte a Antônio Porto Filho.
O destaque maior fica a cargo do famoso Willys Interlagos Nº 22, uma versão de corrida nas cores verde e amarela e pilotado por ninguém mais que BIRD CLEMENTE! Entre os principais feitos, o piloto e essa máquina, conquistaram a vitória na corrida “200 Milhas de El Pinar” no Uruguai em 1964. Foi a primeira vitória no exterior de um modelo fabricado no Brasil. O carro contava com motorização 1.0 litro, com 4 cilindros em linha e movidos a gasolina, e câmbio manual de quatro velocidades. Com esse propulsor, o modelo atingia a potência máxima de 70 cv. Na época Bird Clemente fez questão de ressaltar os aspectos técnicos e históricos do modelo:
“Para os pilotos, o Willys Interlagos, que herdou o DNA do Renault Alpine, era o máximo, pois era um carro que permitia ao piloto fazer de tudo. Notabilizou-se porque andava de lado, derrapava (derrapagem controlada) e fazia isso tão suavemente que quase não perdia tempo. Esse carro foi minha vida. Nós ganhamos muitos campeonatos e foi fantástico”, explica o piloto veterano.
FICHA TÉCNICA COMPLETA DO BERLINETA de 70cv
MOTOR – longitudinal traseiro | 4 cilindros em linha | arrefecimento a líquido | comando no bloco, 2 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso de 63 x 80 mm. Cilindrada de 998 cm3. Taxa de compressão com 9,8:1. Potência máxima de 70 cv e carburador de corpo duplo.
CÂMBIO – manual, 4 marchas e tração traseira.
SUSPENSÃO – dianteira, independente, braços sobrepostos | traseira, independente, semi-eixos oscilantes.
FREIOS – dianteiros e traseiros a tambor.
DIMENSÕES – comprimento de 3,78 m | entre-eixos de 2,10 m | peso de 535 kg.
DESEMPENHO – velocidade máxima, 160 km/h | aceleração de 0 a 100 km/h em 14,1 s.
Neste sábado (21/03/2015) e na companhia do grande amigo Gerson Krawutschke (fã e conhecedor do automobilismo brasileiro), pude sentir uma pontinha da história e presenciar uma réplica perfeita do Willys na ETAPA Curitiba/PR da categoria Classic Cup. Era um Willys Interlagos com uma homenagem ao grande Bird e era sensível a emoção, carinho com que a equipe tratava o exemplar da Renault.
Seguem algumas fotos para apreciação (Fotos de Marcelo Henrique Dias Abreu):
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“Um Goiano, acolhido por Mineiros e apaixonado pela família e por esse SUL maravilhoso. Maluco e apaixonado por automobilismo (Fórmula 1, Stock Car, Turismo e as demais), o que não quer dizer especialista!” – Marcelo é o idealizador e um dos colunistas do Tomada de Tempo!